segunda-feira, 20 de março de 2017

Um retrato de uma Loures parada

     

 Loures merece muito melhor poderia ser um slogan de uma empresa ou de uma campanha eleitoral. Não, é apenas o slogan, ou parte, da campanha da CDU em Loures, e do pouco que conquistou.
     Bernardino Soares atingiu o esperado em Loures nas autárquicas. Com as promessas de um Concelho de Loures melhor, mais "poupado" e mais concentrado e demonstrar que a politica do executivo anterior sempre foi errada. Exemplificou com a expressão de uma gestão autárquica "desastrosa" do PS, utilizou contratos privados e despesas do município como argumento. Bernardino Soares afirmou a sua visão anti-austeridade,  e que seria a cara no combate ao governo anterior PSD/CDS.
     A vitória nas eleições mudou totalmente o discurso de Bernardino Soares. O combate à austeridade foi cancelado, apostou na austeridade na gestão municipal do Concelho. O seu combate ao governo PSD/CDS resumiu-se à coligação anti-natura com o PSD. A promessa de rasgar os contratos  com o sector privado foram simplesmente uma promessa em vão.
     Loures está pior. As obras de requalificação em algumas freguesias foram mal pensadas,  o maior exemplo está Moscavide. De obra este executivo não tem praticamente nada. As  medidas são escassas permaneceram dentro de uma espécie de austeridade autárquica, e sem proveito para os munícipes. Das várias medidas que o executivo mandou "propagandiar" nas inúmeras paragens de autocarros e outdoors do Concelho, maioria foram projetadas pelo anterior executivo (centro de saúde de Moscavide e biblioteca de Sacavém). Aquelas que se prepara para inaugurar, já concretizadas, foram de iniciativa, também elas, do executivo anterior. Algumas aguardam pela campanha eleitoral (centro de dia de Moscavide e pavilhão do Atlético) para abrirem ao publico. Da sua obra muito pouco existe. Em grande maioria as poucas medidas avulsas foram patrocinadas pelo governo da república (livros para o ensino básico).
    Um executivo com casos excêntricos, dignos de um despesismo.  A escola primária número um de Camarate foi por decisão do seu executivo, demolida, no seu lugar foi projetado um novo edifício quando apenas necessitava de uma restauração profunda, talvez com aumento das suas instalações, não um edifício de raiz. Uma medida antagónica face às suas promessas iniciais que assinalavam o fim do despesismo e a aplicação do dinheiro em prol de políticas necessárias e dirigidas à população. A construção do edifício foi mais peso para o orçamento municipal e alongou o contrato com os contentores que tanto a CDU de Loures contestou durante a vigência do PS à frente do Município.
    Às suas promessas juntam-se as reparações falhadas de viaturas municipais paradas por falta de manutenção. Há exigência do fim dos contratos com os privados para cedência de viaturas feito pelo PS, medida em que o PCP apontava como despesista acusando o executivo de favorecimento e "negociatas" com os privado, acabou por vencer o fiel despesismo! A frota municipal é alugada por um contrato de ajuste direto, não por concurso público, com um contrato mais caro ao município.
   A luta contra o despesismo é austeridade foi vencida pelas circunstâncias. Bernardino Soares não tem discurso, apenas acusa o anterior executivo da sua linha política. As populações ficam entregues ao mau serviço prestado pela Câmara ao município. As canalizações deixam os "cabelos em pé" a quem tem cortes sucessivos no abastecimento de água. O cheiro nauseabundo que provém dos contentores do lixo faz suster a respiração. Durante o verão é uma tarefa impossível estar junto aos contentores, as condições higiénicas são deploráveis. As ruas, de freguesia em freguesia, estão ao abandono na limpeza, e a Câmara, sem motivo aparente, proibiu a utilização das bocas de incêndio para  lavagem. Hoje é a imagem de freguesias com o rosto mal lavado. 
  Bernardino Soares venceu as eleições democraticamente nas urnas, foi a população que ditou. O mérito da vitória foi ditado por uma gestão socialista que teve um impacto negativo nos munícipes, mas o trabalho ficou feito, quer em termos sociais, que em termos do crescimento do Concelho. Mesmo assim não deixou a CDU atingir a maioria absoluta pretendida, encontrando um parceiro no PSD, que por um sectarismo histórico é o seu aliado natural no Concelho. Para Bernardino Soares, promessas levou o vento no tempo eleitoral. Num próximo mandato só lhe resta assegurar obra feita a tempo em contra-relógio e inaugurar algo o que não é obra da sua gestão. Quer ver trabalho reconhecido e um mérito que não é seu. Enquanto isso o centro de dia e o pavilhão em Moscavide vão ficar fechados, e a escola em Camarate vai continuar nos contentores. Loures vai continuar com as ruas sujas e contentores deploráveis. Depois, na campanha, as coisas fazem-se com mais propaganda e jeito.


0 comentários:

Enviar um comentário